Reflexões crônicas. Pensamentos imperfeitos.

Saturday, February 24, 2007

Incompreensão

Quando era direta, consideravam-na grossa. Caso fizesse mizuras, todos pensavam: "Ah!, quanta ironia!"

Era uma incompreendida. Misunderstood, como naquela balada chiclete.
Apesar de ser de fato sarcástica e um tantinho sincera demais, o fazia apenas quando queria e não a torto e a direito, como pensavam os outros.

E lembrou-se imediatamente daquele poema e de como tinha sido injustiçada, por um simples "elogio o seu primoroso dom com as palavras".

Ele - o autor - alucinado como o são os poetas magoou-se dizendo que se fosse para rejeitar, que não tripudiasse.

Ela - indignada - preferiu pensar que tudo era fruto de uma auto-estima muito baixa, a cogitar que poderia parecer inverdadeira mesmo ao fazer um elogio tão belo.

E martelava-se ao travesseiro todas as noites:
"- Pareço eu uma monstra?"

E suspirava como quem não pode encaixar nem ao menos uma face do cubo mágico.

A incompreensão é mesmo um fardo pesado.

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